Sou um cidadão.
Tenho opinião, mas normalmente guardo para mim.
Por vezes partilho, em pequenas mas divertidas tertúlias com amigos de longa data. Nessas ocasiões, há sempre um ou outro ponto de vista divergente, o que só por si já faz valer a pena o encontro, misturando bitaites com gargalhadas, pontuando um comentário mais aceso com uma laracha oportuna.
Não me interpretem mal. Nem tudo é piada, tal como nem tudo pode ser sério e inflexível.
Ter opinião e fazer valê-la passa essencialmente por escutar a opinião dos outros. E isso implica sermos consumidores de opinião: falada, escrita, percebida.
Sou por isso um consumidor (àvido) de opinião, e quase sem dar por isso estou a processar informação e a formar a minha própria opinião. O facto de sermos dotados de capacidade de raciocínio permite-nos ouvir e interpretar, sem sermos obrigatoriamente "contaminados" pela opinião dos outros, nem criarmos anti-corpos contra tudo o que à primeira vista parece contrário ao nosso pensamento.
Pelo contrário.
A diferença é enriquecedora. Mesmo não concordando com uma opinião divergente, esta terá pelo menos a virtude de enriquecer o nosso argumento, e assim alimentar o contraditório.
Em democracia temos o direito à opinião. Mas para que essa mesma democracia possa evoluir, devemos sempre que possível exercer o dever do contraditório.
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